Estudos recentes sugerem que o resveratrol age para reduzir risco de problemas na produção de hormônios em mulheres com a síndrome dos ovários policísticos. A síndrome dos ovários policísticos é a desordem endócrina mais comum nas mulheres em idade reprodutiva.
A SOP apresenta-se com sinais e sintomas normalmente associados ao aumento da produção dos chamados hormônios andrógenos (hiperandrogenismo) na mulher, em especial a testosterona. Apesar dos critérios, o diagnóstico é, algumas vezes, complexo. Por isso, o médico precisa avaliar a história clínica da paciente e realizar o exame físico completo.
Os sintomas mais comuns são: aumento de peso, ausência ou irregularidade da menstruação, acne, aumento da oleosidade da pele, hirsutismo (crescimento de pelos na face e em locais em que normalmente a mulher não tem), queda de capilar, resistência à insulina e infertilidade. Por que os exercícios e a alimentação são os pilares no tratamento da SOP?
O tratamento inicial da SOP deve ser focado na mudança do estilo alimentar evitando-se o consumo excessivo do açúcar, a prática regular dos exercícios físicos, o controle da ansiedade e do estresse e em alguns casos tratamento com estimulo a menstruação. Existem casos mais graves com grandes alterações metabólicas onde o tratamento com os anticoncepcionais pode ser indicado apenas para diminuir os sintomas.
O uso dos contraceptivos orais para tratamento de casos leves de SOP é cada vez mais comum e vem aumentando, porém vem sendo criticado por muitos pesquisadores. Segundo o médico Antoni Duleba, diretor da divisão de endocrinologia reprodutiva e infertilidade da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, os tratamentos mais populares que incluem antiandrogênicos e contraceptivos orais são clinicamente inaceitáveis.
Mas então quais seriam as outras alternativas para tratar a SOP?
Vários estudos já evidenciaram os benefícios dos hipoglicemiantes orais para as pacientes que apresentam resistência à insulina. Outras substâncias também podem trazer benefícios para sensibilidade da insulina, como o cromo, o inositol, o feno grego, a astaxantina, entre outros. Já o controle dos níveis elevados de testosterona ainda é um desafio na SOP. No entanto, em um estudo recente feito com mulheres com síndrome do ovário policístico, os pesquisadores descobriram uma queda nos níveis de testosterona nas participantes que fizeram a suplementação do resveratrol.
A descoberta do resveratrol para o tratamento da SOP. A substância já é conhecida pelos seus benefícios cardiovasculares e anti-inflamatórios e pode ser encontrado em baixas concentrações no vinho (2 a 5 mg/ml dependendo do vinho tinto), nas uvas e nozes. Em estudo recente do Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a equipe evidenciou que a suplementação diária com 1.500mg de resveratrol, um polifenol natural, foi efetivo na redução dos níveis de testosterona total em mais de 23%. O mais impressionante do estudo foi demonstrar que a suplementação foi igual ou melhor do que os contraceptivos orais ou a metformina, para a melhoria do hiperandrogenismo.
Os resultados sugerem que o resveratrol pode melhorar a capacidade do organismo de utilizar a insulina e, potencialmente, reduzir o risco de desenvolver diabetes. O suplemento pode ser capaz de ajudar a reduzir o risco de problemas metabólicos comuns em mulheres com a SOP.
A equipe observou que um estudo anterior de 12 meses de contraceptivos orais para o tratamento da SOP resultou em uma queda de 19% nos níveis de testosterona total. Da mesma forma, um tratamento de seis meses com metformina teve resultados insignificantes com uma diminuição de 8,2%. Mas os benefícios do resveratrol foram ainda maiores.
O estudo mostrou uma redução do sulfato de dehidroepiandrosterona (S-DHEA), outro hormônio que o corpo pode se converter em testosterona e um aumento da sensibilidade à insulina de mais de 66%, combinado com um decréscimo de 31,8% nos níveis de insulina de jejum.
Apesar de o estudo ter uma amostra pequena e uma duração curta, os resultados com o resveratrol são promissores e, por isso, maiores ensaios clínicos poderão definir os benefícios para o tratamento da SOP, assim com, outras patologias endócrinas que estão relacionadas com resistência à insulina e o hiperandrogenismo.